Estado convoca alunos para início das aulas, embora professores tenham decretado greve na sexta
Secretaria de Educação diz que paralisação faz parte de agenda político-partidária e informa que faltas não justificadas serão descontadas
A Secretaria de Estado da Educação ignorou a greve decretada na sexta-feira pelos professores da rede e chamou, ontem, os alunos escalados em acordos prévios de rodízio com as diretorias, para comparecer às mais de 5 mil escolas estaduais para o retorno das aulas nesta segunda-feira. A permanência deles na unidade, no entanto, ainda é uma incógnita, já que segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os profissionais irão trabalhar normalmente, mas de forma remota.
O governo do Estado autorizou a abertura das unidades escolares mesmo nas fases mais restritivas do Plano São Paulo, colocando a Educação como serviço essencial no Estado. Segundo a Secretaria, a decisão é baseada em experiências internacionais para garantir a segurança dos alunos e professores, bem como o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças e adolescentes.
No entanto, de acordo com a presidente do Sindicato, Isabel Noronha, “não há condições para um retorno seguro. As escolas não apresentam a mínima infraestrutura. Recebemos a todo momento fotos e vídeos de professores mostrando banheiros quebrados, lixo acumulado, goteiras, álcool em gel vencido. E tudo isso já está causando consequências graves”, disse.
Isabel diz que um levantamento feito pelo sindicato dos professores constatou 147 casos de covid-19 em escolas que já retornaram com atividades presenciais. “Imagine o que vai acontecer quando milhões de estudantes voltarem para as aulas presenciais no estado”, destacou.
Segundo decisão do governo do estado, a partir desta segunda-feira, os 3,3 milhões de alunos da rede estadual de São Paulo estão autorizados a retomar as aulas presenciais, em sistema de rodízio, e iniciar o ano letivo de 2021.
Secretaria
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado disse que a paralisação faz parte de uma agenda político-partidária e que “o sindicato ainda esquece de contabilizar os riscos diversos atrelados ao atraso educacional e à saúde emocional e mental das milhares crianças e adolescentes”.
“A retomada das aulas é pautada em medidas de contenção da epidemia, obedecendo aos critérios de segurança estabelecidos pelo Centro de Contingência do Coronavírus, embasada em experiências internacionais e nacionais. Estudantes e profissionais com doenças crônicas ou fatores de risco devem permanecer em casa, cumprindo atividades remotas”, destacou em nota.
A secretaria disse ainda que faltas dos professores não justificadas pelos profissionais serão descontadas.