Fernanda Takai lança álbum “Será Que Você Vai Acreditar?”, produzido na quarentena
Em entrevista ao Metro Jornal, Fernanda fala sobre o novo disco, disponível nas principais plataformas de streaming.
Nada de ficar de pernas para o ar, não. Com estúdio em casa, Fernanda Takai aproveitou o isolamento e lançou o álbum solo Será Que Você Vai Acreditar?, cuja produção teve início junto à pandemia.
Mesclando composições inéditas e interpretações sensíveis, direto do seu “universo musical pop”, Fernanda encontra o equilíbrio necessário para enfrentar a “nova normalidade” dos dias de hoje. O resultado é um passeio, feito com calma, por dez faixas calorosas e sutis ao mesmo tempo.
Com toda simpatia e versatilidade que décadas de carreira lhe incumbiram como artista, a cantora alcançou o feito criativo ao lado de John Ulhoa, companheiro de Pato Fu e marido, que toca os instrumentos, além de produzir o álbum. Em entrevista ao Metro Jornal, Fernanda fala sobre o novo disco, disponível nas principais plataformas de streaming.
Como foi feita a seleção das músicas?
Acho que é uma tônica em meus lançamentos solo: trazer obras inéditas e outras sob a forma de releituras de canções que habitam meu universo como ouvinte de música pop. Dou muito valor ao trabalho de intérprete, não por acaso fiz um álbum inteiro dedicado a uma delas, Nara Leão.
O que você acha que dá unidade ao trabalho?
Quando começo um disco novo, a não ser que seja temático, não é simples delimitar um sentido para um conjunto de faixas. Em geral, à medida que vai ficando pronto, lemos as obras de acordo com nosso sentimento naquele momento. Isso acontece com as pessoas que o escutam também. Apesar de existir há mais tempo, uma canção como Terra Plana ou Não Esqueça parece que foi feita exatamente agora. E hoje a sensação geral é de limite, de impotência frente à passagem dos dias, medo, da busca pelo amor e carinho, valorizar lembranças… De algum jeito as canções estão tocando nesses temas intuitivamente.
Como foi a experiência de gravar no isolamento?
Como a agenda de shows acabou cancelada, os dias em isolamento ficaram dedicados à produção do álbum. Já tínhamos começado a gravar no fim de fevereiro. Eu e John nos vimos sozinhos em casa, onde temos um estúdio, então trabalhamos direto nas faixas. Eu também me dediquei mais à alimentação e cuidado com nossa morada, nossos bichos de estimação, enquanto nossa filha entrou em modo aulas remotas. No fim, tínhamos tempo e nenhuma pressa.
No caso dos covers, como você fez as adaptações?
A gente gosta de vestir as canções de um outro jeito, trazendo cada uma para minha dinâmica de cantar. Respeitamos muito a composição, mas gostamos de experimentar novos formatos estéticos. É algo bem interessante de se fazer, ter liberdade e ao mesmo tempo matéria-prima consagrada.
De que forma ocorreram as parcerias?
São mulheres admiráveis e fico muito feliz em tê-las por perto. Virginie [Boutaud], que ouvi muito na época em que começava a tocar em minha banda de colégio, e Maki Nomiya, do Pizzicato Five, uma das bandas favoritas dos anos 90. Aconteceu uma conexão bem natural, que se concretizou com as redes sociais, no caso da Virginie. Estive com a Maki algumas vezes quando toquei no Japão, cantamos juntas no Brasil e até fizemos um EP por um selo de Tóquio, em 2009. Agora, deixamos claro mais uma vez nossa afinidade.